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sexta-feira, 8 de maio de 2015

ESTREIA DIA 18 DE SETEMBRO, A RADIONOVELA "OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO"...



Olhai os lírios do campo é um dos livros mais famosos de Érico Veríssimo e foi publicado em 1938 - Modernismo de Segunda Fase.

A ambientação urbana da história dá margem à abordagem dos efeitos de um capitalismo devastador sobre a vida dos personagens. O romance narra a trajetória existencial do personagem principal, Eugênio, seus contatos sociais e seus dilemas interiores. Portanto, a narrativa centra-se em seus conflitos e vicissitudes.

Nesta obra deve-se destacar o lirismo romântico da história de Eugênio, descobrindo que o dinheiro não traz felicidade, exatamente nos moldes do romance urbano de 30, de caráter socialista. Destaca-se também sua ambição traçada a partir de uma vida difícil, que alimenta-o de amargor e determinação na busca de sua afirmação material. E ainda, o grande sucesso dessa dramática história de amor, pode ser creditado à habilidade do autor de construir personalidades psicológicas complexas: ninguém é só bom nem só ruim na obra.

Para retratar essa relação problemática do homem com a sociedade, Érico Veríssimo construiu o romance Olhai os lírios do campo de maneira que o personagem principal fosse mostrado em dois momentos. No primeiro momento, ele é conduzido, em seus comportamentos, pelas expectativas sociais; obedece aos valores de sua classe, é incapaz de perceber-se enquanto ser. Ele faz de tudo para ter sucesso e ser aceito: trabalha em função de uma máscara e não do próprio rosto. No segundo momento, o romancista mostra os processos de transformação de Eugênio: da condição de indivíduo coisificado, guiado mais pela expectativa dos outros do que por si mesmo, para a condição de indivíduo autônomo e consciente de si, sujeito de suas próprias decisões.

A narrativa, portanto, se divide em duas partes com 12 capítulos cada uma, sendo a primeira o cruzamento de dois níveis temporais: o presente e o passado. Assim, nesta narrativa de vários planos temporais, entrelaça-se uma crítica à sociedade fútil e vazia, ao acúmulo de riquezas e à conseqüente hipocrisia das relações sociais. A primeira parte é intensa e cheia de um interesse que jamais enfraquece. Na segunda parte, porém, esse interesse declina, e a história se dilui numa série de episódios anedóticos sem unidade emocional.

Ambiente

O ambiente do romance é a cidade de Porto Alegre. As personagens vivem na metrópole de ruas movimentadas, tráfego intenso, automóveis, telefones, cinemas e teatros; edifícios altos, gente rica, monopólios; gente pobre, sindicatos, miséria e doença. Vivem os movimentos da contradição e da crise.

Foco narrativo

Toda a narrativa é formalmente estruturada na terceira pessoa a partir de um ponto de vista externo do narrador.

Personagens

Eugênio Fontes: homem profundamente pessimista, infeliz e complexado. Profissão: médico. Filho de um alfaiate pobre, Eugênio teve uma infância e adolescência cheias de dificuldades. À medida que ia crescendo, nutria um misto de vergonha e repúdio a si mesmo em decorrência da pobreza de sua família. Sua motivação era "ser alguém", adquirir posição social e não ter que passar pelas humilhações que julgava ter passado na infância. Na faculdade, conhece uma jovem, Olívia, pela qual se apaixona e nutre um relacionamento de amizade, cumplicidade e amor. Porém, devido a sua ambição, Eugenio deixa Olívia para casar-se com uma jovem rica. Passa a viver uma vida de aparências, adultérios e eternas contradições, deixando para trás seu verdadeiro amor e a filha que teve ela, Anamaria.

Olívia: grande amor de Eugênio e colega de trabalho. Olívia é mais uma das clássicas figuras femininas de Érico, que transparece doçura e compreensão frente às inquietudes dos personagens masculinos, mas que não esconde uma grande força e determinação. Assim como Eugenio, Olívia cursa a faculdade de medicina em Porto Alegre com dificuldades. A sua visão realista e compreensão do comportamento humano fazem com que ela encare seu relacionamento com Eugenio de forma honesta, entendendo as limitações que este poderia ter em virtude da ambição e das eternas contradições emocionais do médico. Olívia também pode ser encarada, de certa forma, como uma representante feminista de Erico, pois apesar de aceitar as limitações de Eugenio, ela luta em manter a carreira de médica e cria a filha Anamaria sozinha.

Eunice: esposa de Eugênio. Rica, fútil e vazia. Filha do empresário Vicente Cintra, conquista Eugênio com sua fortuna, casando-se com ele e se tornando a oportunidade de que o médico necessitava para se destacar na sociedade.

Angelo: pai de Eugênio. O próprio Eugênio nos revela pormenores sobre seu pai e seus sentimentos para com ele:

Anamaria: filha de Eugênio e Olívia. Ela ajuda a manter viva na lembrança de Eugênio a presença de Olívia e, ao mesmo tempo, como criança que é, sinaliza para a esperança e a confiança de que o futuro pode ser diferente. Anamaria simboliza a insistente afirmativa de Olívia de que a vida é feita de recomeços. A menina tem os olhos sérios e profundos de Olívia e, ao mesmo tempo, desconfortáveis como os do pobre Ângelo, pai de Eugênio. Sua presença retoma duas figuras diante das quais Eugênio precisa se redimir: seu pai, que foi por ele desprezado, e a própria Olívia, que ele abandonou por um casamento de conveniência. A presença da filha suscita-lhe interrogações e o obriga a tomar decisões sensatas e responsáveis para com os outros. Anamaria lhe permite uma compreensão da miséria humana e da necessidade de que o conjunto das ações dos homens seja orientado para minimizá-la.

O médico tornou-se na sociedade atual, aquele mediador entre a ciência, a técnica e o sentimento humanitário. Pensando primeiro em si mesmo, egoisticamente, Eugênio evolui para a solidariedade, através das colocações de Olívia, que embora morta, é um personagem presente no romance, fazendo contraponto com Eugênio.

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