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terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

"AS CONFISSÕES" de JEAN - JACQUES ROUSSEAU




PRODUÇÃO DE AUDIOLIVROS 
NA ESCOLA!!!

- Que tal, PROFESSOR, propor uma produção de audiolivros de obras literárias aos seus alunos?!!!!

& Leia abaixo a reportagem publicada na revista A LÍNGUA PORTUGUESA em Dez/2011.


A GUINADA DOS LIVROS FALADOS

Os audiolivros diversificam seus modelos de narração para atender não só a deficientes visuais, mas ao público habituado a novelas.

Os livros falados - ou audiolivros, para os íntimos - viraram uma indústria atraente. Só em 2009, movimentaram cerca de 900 milhões de dólares nos Estados Unidos, segundo a Associação das Editoras de Audiolivro, a APA (Audio Publishers Association), e no Brasil começam a tornar-se uma alternativa real para leitores e editoras, a ponto de o país amadurecer formas narrativas específicas para cada nicho de audiência.

O país tem motivos para esperar intenso movimento no mercado de livros falados nos próximos anos. E não só porque há o potencial interesse de 16,6 milhões de pessoas com algum grau de deficiência vi­sual, das quais quase 150 mil se declaram cegas, segundo o IBGE. Leitores apressados, com vida agitada, pouco tempo ou suscetíveis à experiência sensorial das rádios e das telenovelas já se mostram ávidos por formatos acessíveis.

São duas experiências distintas de recepção de histórias - a do deficiente visual interessado na leitura descarnada em voz alta, centrada muito mais no teor do que é narrado, e a do ouvinte que busca histórias para escutar no supermercado, no trânsito congestionado, em casa com a família, e espera dramatizações com efeitos sonoros e um elenco de novela, como nos tempos áureos da Radio Nacional.

Marcelo Tas passou 20 horas gravando obras de Sedaris: audiolivro em nova fase no Brasil emergente.
Já há no Brasil obras literárias exclusivamente em audiolivro, como A Família do Milênio e Em Redor do Fogo , do paranaense Domingos Pellegrini. E muitos produtos são elaborados como genuínas peças radiofônicas, com narradores-grifes e efeitos de estúdio. É o caso de Engolido Pelas Labaredas , do norte-americano David Sedaris, a ser lançado em 29 de março pela Nossa Cultura, com dez horas de duração e narração humorada de Marcelo Tas.

- O Sedaris é da minha idade, tem vocação para texto falado: ele foi comunicador de rádio e, o mais importante, tem talento para as palavras. Eu diria que ele é um serial killer que foi salvo pela literatura porque tem um humor que vê sempre o lado doente das pessoas. Ele ilumina as coisas mais loucas - avalia Tas, que ficou vinte horas em estúdio para a gravação do livro.

Os sinais de agitação do mercado se acentuaram ano passado, quando o Ministério da Cultura lançou edital de fomento à produção, difusão e distribuição de livros em formato acessível, com dez instituições selecionadas. A mais famosa, a Fundação Dorina Nowill para Cegos, tem 64 anos de atuação e disponibiliza gratuitamente 859 obras em áudio no catálogo de sua Biblioteca Circulante de Livro Falado para Cegos.
A leitura de obras literárias, nesse formato, existe há mais de quarenta anos e teria começado com o Instituto Benjamin Constant.

- Como havia escassez de materiais em braile, havia um professor do Benjamin Constant que organizava o "Clube da Boa Leitura" em que lia, para uma plateia de deficientes visuais, obras emblemáticas da literatura brasileira - diz a pesquisadora e atriz Ana Lúcia Palma.

AnaLu, como prefere ser chamada, há dez anos desenvolve capacitação de ledores pelo projeto Livro Falado, no instituto.

- A ideia da técnica é deixar que o cego faça sua viagem, sem se influenciar pela voz do outro. Não se imprimem muitas marcas na interpretação e se adota um modo expressivo que não é a leitura em branco e nem a dramatização. Não há sonoplastia, os estrangeirismos são soletrados e se faz a leitura de todas as partes do livro, como orelha, capa, contracapa e índice - diz ela.

Além de importante acervo de obras fundamentais do teatro, como Artaud, Tchecov e Stanislavski, o Livro Falado gravou, em parceria com a Academia Brasileira de Letras e a supervisão do tradutor Ivan Junqueira, a coleção Voz da Academia, com obras clássicas da literatura brasileira. Há pouco, o Instituto Benjamin Constant inaugurou estúdio próprio, o José Espínola Veiga, para ampliar a produção de audiolivros.

Ricardo (esq.) narrou histórias musicadas por abujamra, na Aymará: pedagogia no viva-voz

Dramatização

Em direção oposta à da leitura descarnada caminham as principais editoras do gênero, como a Rocco. Algumas das casas especializadas no gênero, como Nossa Cultura e a Audiolivro, têm perfil semelhante. Ambas nasceram em 2005 e enfrentaram a dificuldade inicial da comercialização em livrarias que não acreditavam no formato e nem sabiam como expor o produto. Agora praxe no ramo, os audiolivros das duas são criados em estúdios, com um elenco de atores e narradores profissionais e um diretor que prepara a obra antes de gravá-la. A sonoplastia pontua as dramatizações e "ajuda a criar o ambiente da história, como se fosse um filme, só que sem imagens", diz Marco Giroto, da Audiolivro.

Para Paulo Lago, da Nossa Cultura, não há um consenso sobre a melhor forma de narração, "a não ser quanto à sensação de conforto proporcionada por uma voz agradável". Em termos dramáticos, nem sempre a combinação da autoria com a leitura pelo próprio autor, por exemplo, soa perfeita.

- Sabemos que os títulos narrados pelos próprios autores agradam bastante, pois acabam aproximando-os dos seus leitores. Eu, particularmente, aprecio as obras narradas por eles - diz Lago.

A quase totalidade das obras disponíveis nas prateleiras é de versões de livros em papel, ou lançada simultaneamente aos impressos.

- Nos Estados Unidos cerca de 10% do catálogo de livros também existe em audiolivro, diferentemente do Brasil, que não chega a 1% - informa Giroto.

O mercado editorial, no entanto, busca a sabedoria do ouvir. Engatilha lançamentos em plataformas múltiplas ( Água para Elefantes , de Sara Gruen, deve ser lançado na mesma época em que o filme entrará em cartaz nos cinemas brasileiros) e estratégias de marketing sofisticadas ( Jesus Extraterrestre teve um book trailer muito acessado na web). Enxerga também o potencial pedagógico do formato.

Adaptações

A editora Aymará, por exemplo, lançou em 2010 uma coleção de seu programa Cidade Educadora. A editora responde pela adaptação de 44 livros em versão audiolivro.

- O programa já existe há cinco anos e compreende ações como a formação continuada de professores e o acompanhamento de agentes pedagógicos locais - conta a diretora do Centro Pedagógico da Editora, a professora Marta Morais da Costa.

Inicialmente, a proposta da editora era atender pedidos de livros falados para complementação dos materiais de educação especial já publicados com caracteres ampliados e em braile. Depois, o material passou a ser aplicado em séries de educação infantil e fundamental.

Na coleção, o escritor José Ricardo Moreira é o narrador entre sons de um sorveteiro, um pipoqueiro e um jornaleiro; ou entre as perguntas de uma Cecília, um Guido ou um Alfredo. As gravações falam de personagens das ruas e também de mula sem cabeça e outros mitos. As histórias são produzidas com atores, enriquecidas pela sonoplastia, agigantadas pelas músicas compostas por André Abujamra e esmiuçadas pelas atividades propostas no encarte que acompanha o CD.

- Ouvir uma história é a forma mais comum de termos contato com a literatura e com livros pela primeira vez, quando somos crianças. Por isso, não há nada de novo no audiolivro - diz José Ricardo.

Hábito

Lançados no fim de 2010, os audiolivros do programa da Aymará já foram avaliados com êxito em escolas da rede municipal de Eldorado do Sul (RS) e em Praia Grande (SP). A trilha sonora é contemporânea, apresenta variados ritmos e a teatralidade característica de Abujamra, sem excesso de sons incidentais concorrendo com a voz do narrador.

- A criança de hoje está em uma convivência cultural com imagens e sons de uma forma muito mais intensa que em outras gerações. Com os audiolivros, o professor passa a educar o ouvido para a voz humana; para os sons do mundo e da arte - diz a professora Marta.

Reproduzir algo da nostalgia de uma experiência sensória tradicionalmente popular, como o foi a da recepção da palavra radiofônica na metade do século passado, pode ser a chave do futuro do audiolivro no Brasil. Mas ouvir uma leitura nunca será o mesmo que escutar um programa de rádio, cheio de efeitos sonoros e atores com voz empostada. Talvez haja no próprio ato de ouvir histórias um desencantar da palavra, quem sabe como ocorre com os termos mágicos que precisam ser pronunciados para feitiços, ritos ou para dar forma a personagens e heróis, nas tribos do passado e nas salas de aula do futuro. Shazam, abracadabra, amém."
http://revistalingua.com.br/textos/65/artigo249053-1.asp

Livros para ouvir
Livros Falados

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Editoras

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